sábado, 11 de abril de 2009

Corporativismos, gargalhadas e burrice


Costumo apresentar um número onde BRINCO com os médicos. Tambem faço referencias aos oftalmologistas e odontologistas. Como o meu espetáulo é um SHOW de HUMOR não perco o meu tempo nem o da platéia, explicando que tudo que falo não passa de mera brincadeira. Se fosse para falar sério estaria fazendo palestras e não bancando o palhaço num teatro cheio.
Outro dia depois de ter feito esse número onde BRINCO com médicos e afins, fui brindado com um post no site do grupo que conclamava a minha exclusão do elenco ao qual pertenço, porque ousei tocar nesses profissionais.
A mulher que escrevia estava indignada com o que foi dito embora a esmagadora maioria da platéia tenha se divertido muito expressando seu contentamento com aplausos efusivos.
A tal senhora achava que os outros membros do grupo deveriam intervir no trabalho daqueles que viessem a ultrapassar os limites. Limites? Limites de quem? Que fascismo é esse que prega a eliminação dos contrários? Que cabeça torta é essa que acha que aquilo que se fala num SHOW de HUMOR deve ser levado ao pé da letra? Que idiota autoritária é essa que se dá ao direito de agir como palmatória do mundo, destituindo os que não fazem comentários favoráveis com as suas idéias?
O humor é assim mesmo, as vezes cáustico, as vezes tolo, as vezes inteligente. Se for para ser politicamente coreto não é humor. É babaquice de gente com sérios problemas de prisão de ventre.
Ao que parece essa senhora não foi informada que a ditadura terminou e que a censura foi abolida da vida cultural desse país.
Eu seria um idiota do mesmo calibre se achasse que todos os que assistem aos meus números concordam em 100% com o que digo.
Por outro lado, as portas do teatro não ficam trancadas. Qualquer um que achar que gastou o seu dinheiro em vão sempre pode levantar e... sair.
O mais curioso é que outras profissões foram abordadas na mesma noite por outros comediantes, mas dona Virtude Retilínea não se manifestou. Se não fazem parte da classe médica não merecem defesa intransigente.
De tempos em tempos aparece um cretino ofendidíssimo com aquilo que alguem teve a audácia de falar em público.
Foi assim com Lenny Bruce, seminal comediante norte americano muitas vezes preso em cena, porque falava contra a política de seu país.
Igualmente foi perseguido o tambem norte americano George Carlin por falar palavrões em seus números.
Tambem se queimou pilhas e pilhas de livros assim que os nazistas tomaram o poder.
É sempre bom recordar que artistas e radialistas da Rádio Nacional perderam seus empregos assim que os militares fizeram a gracinha de 31 de março de 1964.
Hoje em dia professores e intelectuais são perseguidos na Venezuela do bufão Hugo Chavez.
Os exemplos de intolerancia são intermináveis. Idiotice é comum tanto à esquerda quanto à direita. Faz parte da natureza humana.
Se não faz parte do que eu penso, melhor destituir. Livre pensar? De jeito nenhum!
Ora, vá catar coquinhos na praia do obscurantismo, minha senhora. Guarde o seu fel autoritário e mau humorado para a sua família. Fique em casa ou vá assistir a um bom filme iraniano ou que sabe, a uma tragédia grega. Comédia não é o seu forte nem a sua praia.

Ilustração: O comediante Lenny Bruce atrás das grades porque teve a ousadia de
pensar.

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