segunda-feira, 2 de junho de 2008

Esse lance de stand up

No começo muita gente falava que era coisa de artista colonizado. Era só tocar no assunto e lá vinha o nacional popular levantar a voz contra aquela idéia estúpida de se fazer no Brasil esse estilo de humor norte-americano. Pra que isso, perguntavam. Todo mundo sabe que o humor dos gringos só pode ser entendido por eles mesmos, diziam cheios de sabedoria marxista-leninista. Acho melhor deixar bem claro um aspecto universal do humor. Na verdade, só existe um tipo de humor. Aquele que é engraçado. Se for pastelão, sofisticado, non sense, o que seja, quem decide é aquele que assiste. O resto é babaquice de quem acha a comédia um gênero menor.
Mesmo assim, fomos em frente. E não foi fácil não. Não mesmo.
Quando você sobe no palco para representar, são várias as proteções ao seu dispor. Você tem o texto, o personagem, o figurino, os cenários, a música, os outros colegas, a direção. Tudo isso cria um escudo no qual você se abriga. Se não der certo, sempre se pode culpar um dos elementos que fazem parte do espetáculo.
No stand up a coisa é um pouco diferente. Quando você sobe lá na frente das pessoas, a única coisa que se tem para exibir é o seu olhar sobre aspectos específicos da vida. E nada daquilo que você disser vale como verdade cósmica. É só a sua modesta opinião sobre um assunto. E você não tem onde se apoiar. Não tem cenário, figurino, não tem nada. Você diz boa noite e começa a cair no abismo. E só pára de cair quando a primeira gargalhada acontece. Se não funcionar a culpa é somente sua, que não foi engraçado o bastante para conquistar a platéia.
Vivo dizendo que se representar fosse música, o stand up seria jazz. Você parte de um tema determinado, mas não sabe para onde os seus improvisos vão levar a sua performance. É sempre um enorme risco.
No entanto, ao sair de cena depois de uma boa apresentação, a sensação que se leva do palco é a da mais pura realização. Se você não é esperto o bastante para entender que a próxima pode vir a ser um desastre, os riscos de se achar o máximo são enormes. Ter um ego descontrolado é muito perigoso. Tem gente que fica insuportável mesmo.
Para quem não conhece o estilo, indico o Comédia em Pé, grupo do qual faço parte. Temos um site, www.comediaempe.com.br e uma comunidade no Orkut. Uma olhada não tira pedaço. E se ficar interessado, vá conferir o espetáculo.

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